Saiba mais sobre o mosquito transmissor, a causa, os sintomas, as prevenções, mitos e verdades sobre essa doença tão simples de ser combatida porém tão preocupante.
Meridiano nessa luta. |
A DOENÇA |
De origem espanhola a palavra dengue significa “manha”, “melindre”, estado em que se encontra a pessoa doente. É uma doença infecciosa febril aguda que pode se apresentar de forma benigna ou grave. Isso vai depender de diversos fatores, entre eles: o vírus e a cepa envolvidos, infecção anterior pelo vírus da dengue e fatores individuais como doenças crônicas (diabetes, asma brônquica, anemia falciforme). A doença é transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Não há transmissão pelo contato direto com um doente ou suas secreções, nem por meio de fontes de água ou alimento. |
PREVENÇÃO | ||||
Se você não colocou areia e acumulou água no pratinho de planta, lavá-lo com escova, água e sabão. Fazer isso uma vez por semana. | Colocar o lixo em sacos plásticos e manter a lixeira bem fechada. Não jogar lixo em terrenos baldios. | |||
Lavar principalmente por dentro com escova e sabão os utensílios usados para guardar água em casa, como jarras, garrafas, potes, baldes, etc. | Não deixar a água da chuva acumulada sobre a laje. | |||
Embale para recolhimento todas as garrafas pet e de vidro vazias que não for usar. As garrafas de vidro não descartadas devem ser guardadas de boca para baixo ou em local coberto. | Manter bem tampados tonéis e barris de água. | |||
Se você tiver vasos de plantas aquáticas, trocar a água e lavar o vaso principalmente por dentro com escova, água e sabão pelo menos uma vez por semana. | Encher de areia até a borda os pratinhos de vasos de plantas. | |||
Jogar no lixo todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas, potes, latas, copos, garrafas vazias, etc. | Entregue os pneus velhos aos serviços de limpeza urbana. Caso realmente precise mante-los, guarde-os em local coberto. | |||
Remover folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de correr pelas calhas. | Manter o saco de lixo bem fechado e fora do alcance de animais até o recolhimento pelo serviço de limpeza urbana. | |||
Manter a caixa dágua sempre fechada com tampa adequada | Lavar semanalmente por dentro com escova e sabão os tanques utilizados para armazenar água. |
O Mosquito |
O Aedes aegypti é o mosquito transmissor da dengue e da febre amarela urbana. Originário da África, foi disseminado de forma passiva pelo homem, hoje é considerado um mosquito cosmopolita. Menor que os mosquitos comuns, o Aedes aegypti é preto com riscos formando um pequeno desenho semelhante a uma taça no tórax e listras brancas na cabeça e nas pernas. Suas asas são translúcidas e o ruído que produzem é praticamente inaudível ao ser humano. O macho, como os de qualquer espécie, alimenta-se exclusivamente de frutas. A fêmea, no entanto, necessita de sangue para o amadurecimento dos ovos que são depositados separadamente nas paredes internas de objetos, próximos a superfícies de água limpa, local que lhes oferece melhores condições de sobrevivência. No momento da postura são brancos, mas logo se tornam negros e brilhantes. Em média, cada A. aegypti vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos. Se forem postos por uma fêmea contaminada pelo vírus da dengue, ao completarem seu ciclo evolutivo, transmitirão a doença. Os ovos não são postos na água, e sim milímetros acima de sua superfície, principalmente em recipientes artificiais. Quando chove, o nível da água sobe, entra em contato com os ovos que eclodem em pouco menos de 30 minutos. Em um período que varia entre sete e nove dias, a larva passa por quatro fases até dar origem a um novo mosquito: ovo, larva, pupa e adulto. O A. aegypti põe seus ovos em recipientes artificiais, tais como latas e garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d?água descobertas, pratos sob vasos de plantas ou qualquer outro objeto que possa armazenar água de chuva. O mosquito pode procurar ainda criadouros naturais, como bromélias, bambus e buracos em árvores. A transmissão da dengue, bem como da febre amarela, depende da concentração do mosquito: quanto maior a quantidade, maior a transmissão. Esta concentração está diretamente relacionada à temperatura e pela presença das chuvas: mais chuvas, mais mosquitos. |
Foco de Aedes aegypti |
O Aedes aegypti é um mosquito urbano, embora já tenha sido encontrado na zona rural, onde foram levados em recipientes que continham ovos ou larvas. Próprio das regiões tropical e subtropical, não resiste a baixas temperaturas presente em altitudes elevadas. |
Larva do Aedes aegypti |
Estudos demonstram que, uma vez infectada – e isso pode ocorrer numa única inseminação -, a fêmea transmitirá o vírus por toda a vida, havendo a possibilidade de, pelo menos, parte de suas descendentes já nascerem portadoras do vírus. As fêmeas preferem o sangue humano como fonte de proteína ao de qualquer outro animal vertebrado. Atacam de manhãzinha ou ao entardecer. Sua saliva possui uma substância anestésica, que torna quase indolor a picada. Tanto as fêmeas quanto os machos abrigam-se dentro das casas ou nos terrenos ao redor. |
Aedesalbopictus O Aedes albopictus é outro transmissor potencial do vírus da dengue. No entanto, não existe comprovação científica de que tenha transmitido a doença. Seu ciclo evolutivo é semelhante ao do Aedes aegypti. Encontrado tanto na zona urbana quanto na rural, alimenta-se de sangue humano ou de qualquer outro animal e é mais resistente que o Aedes aegypti Essa capacidade para adaptar-se, torna seu combate mais difícil. |
Sintomas |
O doente pode apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, náuseas ou até mesmo não apresentar qualquer sintoma. O aparecimento de manchas vermelhas na pele, sangramentos (nariz, gengivas), dor abdominal intensa e contínua e vômitos persistentes podem indicar a evolução para dengue hemorrágica. Esse é um quadro grave que necessita de imediata atenção médica, pois pode ser fatal. É importante procurar orientação médica ao surgirem os primeiros sintomas, pois as manifestações iniciais podem ser confundidas com outras doenças, como febre amarela, malária ou leptospirose e não servem para indicar o grau de gravidade da doença. |
Mitos e verdades |
O medo de adoecer por causa da dengue leva as pessoas a utilizarem alguns métodos que nem sempre são eficazes para o combate ao mosquito Aedes aegypti. Precisamos saber que o maior e melhor remédio para combater a doença é a atitude de cada um de nós! A dengue é um problema real. É uma doença séria que pode causar a morte! É universal e acomete pessoas de todas as classes sociais. Por isso, somente com a adoção de novos comportamentos em nosso dia-a-dia poderemos contribuir para a prevenção e o controle da ocorrência da dengue em nosso meio… em nossa rua… em nosso bairro… em nossa cidade… ou seja no lugar onde vivemos. Para que você seja um eficiente agente de combate a dengue, confira abaixo algumas dicas do que é verdade e do que é mito e mãos à obra. |
Basta secar os lugares onde tem água parada? Não adianta só secar os reservatórios de água parada, tem que limpar também. O ovo do mosquito pode se manter viável por mais de um ano sem água! |
O mosquito da dengue pica apenas durante o dia? O mosquito pica apenas durante o dia, mas não faz zumbido. |
É verdade que apenas a fêmea pica? Sim. Ela necessita do sangue em seu organismo para amadurecer seus ovos e assim dar seqüência no seu ciclo de vida. Ela pode colocar até 500 ovos durante o seu tempo de vida, que varia de 30 a 45 dias, tempo suficiente para picar até 300 pessoas. |
Velas de citronela ou andiroba ajudam no combate ao mosquito? Não, pois esses recursos têm efeito temporário e indeterminado. |
O inhame e o complexo B ajudam na prevenção da dengue? Não. As pessoas falam que principalmente o complexo B tem um cheiro muito forte e espanta o mosquito, mas não é verdade. Tomar vitamina B para evitar a aproximação do mosquito não se mostra eficaz, uma vez que o efeito varia de acordo com o metabolismo da pessoa, podendo não repelir o mosquito. |
É possível distinguir a picada do Aedes aegypti da picada de um mosquito comum? Não. A sensação de eventual coceira ou incômodo é semelhante à picada de qualquer outro mosquito. |
A água de piscinas pode servir de criadouro para o mosquito? A resposta é: depende. Se a água estiver bem tratada e com a concentração recomendada de cloro, o mosquito não se desenvolve. Já foi comprovado que a água com cloro e a água salgada funcionam como repelentes. Caso contrário, o mosquito pode se desenvolver sim. |
Aplicar borra de café na água das plantas e sobre a terra ajuda a combater o Aedes? Não. A eficácia da borra de café na dosagem de duas colheres de sopa para meio copo de água não foi comprovada (já foi verificado na prática que água suja de borra de café desenvolve a larva do mosquito) e a sua utilização não simplifica os cuidados atualmente recomendados que são: a eliminação pratos ou a utilização de pratos justos aos vasos, a colocação de areia até as bordas dos pratos ou eliminar a água e lavar os pratos com bucha e sabão semanalmente. |
É verdade que o mosquito se reproduz mais rápido no calor? Que outros hábitos o Aedes tem? Sim. No calor, o período reprodutivo do mosquito fica mais curto e ele se reproduz com maior velocidade. Isto explica o aumento de casos de dengue no verão. O mosquito fica onde o homem estiver, prefere picá-lo a qualquer outra espécie e gosta de água acumulada para colocar seus ovos. |
No período de inverno a população está livre da doença? Isso deve ser considerado um engano. Durante o frio, a larva entra no estado de hibernação e quando voltam as chuvas e as altas temperaturas, as larvas eclodem e há contaminação novamente. Portanto, o trabalho de vistoria de quintais, terrenos baldios, estabelecimentos e outros locais, bem como, a busca e eliminação de criadouros do mosquito da dengue deve ser constante. |
O ideal é usar um repelente ou os inseticidas para evitar as picadas do mosquito? Precisamos ter bastante atenção quanto a isso! As duas opções podem ser utilizadas, tanto passar o repelente ou fazer uso do inseticida, no entanto, temos que lembrar que o uso desses recursos são paleativos, ou seja, são soluções momentâneas que não resolvem realmente o problema da dengue. Estamos minimamente protegidos temporariamente, pois quando termina o efeito do repelente, por exemplo, estamos novamente expostos ao mosquito que continua nas redondezas e que não teve seus criadouros eliminados. Portanto, o ideal é atuarmos como vigilantes em nossa casa, no trabalho, na creche e na escola de nossos filhos e em outros locais em que tivermos acesso, com o intuito de eliminarmos os criadouros onde o mosquito deposita seus ovos e se prolifera. |
É verdade que o mosquito não consegue atingir locais altos? O que sabemos sobre os hábitos do Aedes aegypti é que a fêmea se alimenta de sangue no início da manhã e mais no final da tarde, o que não impede que nos outros horários também aconteça. Quanto à capacidade de vôo, sabemos que possui possibilidade de acesso a alturas como, por exemplo, chegar à caixa d?água de sua casa, às calhas e terraços. Por sua vez, sua potencialidade de vôo não atingiria um prédio de 4 andares. No entanto, ele pode chegar até alturas mais elevadas considerando que o mosquito tem possibilidades de usar como transporte elevadores, condução de embalagens de materiais em geral, brinquedos, caixas de ferramentas e uma infinidade de outros recursos que podem conduzi-lo até a cobertura de qualquer edifício. Mas suas preferências ainda são as baixas alturas, tendo em vista que, sem fazer muito esforço, consegue alimentar-se e proliferar-se. |
Ar condicionado e ventilador impedem as picadas do mosquito? Não. O ar condicionado pode impedir a entrada do mosquito, já que o ambiente está fechado. O que existe de verdadeiro nessa história é que, normalmente, o mosquito se direciona em função da liberação de gás carbônico, feita pelas vias aéreas. Então, pelo fato de o ventilador ou o ar condicionado estarem ligados, o gás carbônico fica mais diluído e impediria que o mosquito localizasse a vítima por conta disso. |
Colocar água sanitária na água ajuda a evitar as larvas? Ajuda. É uma das principais medidas. Colocar uma colherzinha de água sanitária na caixa d’água, na piscina, nas poças e retenções de água ajuda a evitar as larvas. |
Todas as pessoas picadas pelo mosquito transmissor irão desenvolver a doença? Primeiro, é preciso que o mosquito esteja contaminado com o vírus. |
A dengue pode ser contraída mais de uma vez? Ao contrair dengue, a pessoa fica imunizada permanentemente para aquele sorotipo do vírus, mas não para os outros. Dessa forma, uma mesma pessoa pode ter dengue até quatro vezes. A segunda infecção por qualquer sorotipo da dengue é, na maioria das vezes, mais grave do que a primeira, independentemente dos sorotipos e de sua seqüência. Contudo, o tipo 3 mostra-se mais virulento. É importante lembrar, porém, que manifestações mais graves da dengue podem ocorrer na primeira infecção. |
Por que não se desenvolve uma vacina contra a dengue, da mesma forma que foi feito para a febre amarela? O desenvolvimento de uma vacina contra dengue é mais difícil, porque tem que proteger ao mesmo tempo contra quatro tipos. No caso da febre amarela,só existe um tipo de vírus. |
Como é feito o diagnóstico de dengue? O diagnóstico inicial de dengue é clínico (história + exame físico da pessoa) feito essencialmente por exclusão de outras doenças. É muito importante, por exemplo, saber se a pessoa não está com leptospirose ou doença meningocócica, que são tratáveis com antibióticos. Feito o diagnóstico clínico de dengue,alguns exames (hematócrito, contagem de plaquetas) podem trazer informações úteis quando analisados por um médico,mas não comprovam o diagnóstico, uma vez que também podem estar alterados em várias outras infecções. A comprovação do diagnóstico se for desejada por algum motivo, pode ser feita através de sorologia (exame que detecta a presença de anticorpos contra o vírus do dengue), que começa a ficar reativa (“positiva”) a partir do 5° dia de doença. |
O que é a “prova do laço”? Ela é útil para determinar o diagnóstico de dengue? A “prova do laço” é um procedimento realizado com o aparelho de pressão, na tentativa de verificar fragilidade dos capilares (pequenos vasos sangüíneos). O aparelho é mantido inflado por cinco minutos em uma pressão intermediária entre a máxima e a mínima (o que pode ser desconfortável), com o objetivo de verificar a produção de petéquias (pequenos pontos avermelhados). É considerado positivo quando aparecem mais de 20 petéquias por polegada quadrada. Esse método não é eficaz, uma vez que além da dengue, a “prova do laço” pode estar positiva em diversas outras doenças como meningococcemia, leptospirose e rubéola e até em pessoas saudáveis. Também pode estar negativa nos casos de dengue, inclusive nos mais graves (“hemorrágicos”). Não ajuda, portanto, a concluir se a pessoa está ou não com dengue ou se a dengue é mais grave. |
A dengue hemorrágica só ocorre nas pessoas que têm a dengue pela segunda vez? Não, isso é um folclore. Tudo ocorre de acordo com a virulência, quando o vírus tem a capacidade de provocar a doença mais forte. O vírus com essa virulência mais forte, vai depender da própria mutação que eles sofrem no ambiente, aquela que acontece pela seleção natural. |
Nenhum medicamento cura a dengue? Verdade. Não existe nenhum antiviral que cure a dengue. Quando a pessoa é diagnosticada com dengue, seus sintomas é que são tratados de modo paliativo com analgésico, antitérmico e muita hidratação. |
Hidratação ajuda a curar a dengue? Verdade. A hidratação é fundamental para o tratamento da doença, no entanto, não necessariamente com aplicação de soro da veia, pois este recurso é apenas usado em casos graves. É importante a grande ingestão de líquidos via oral mesmo. |
Quais remédios contra os sintomas da dengue podem acarretar outros problemas? Por ser uma virose, o tratamento da dengue é sintomático, não tem medicação específica para tratamento da doença. O tratamento da dengue é baseado no diagnóstico precoce, manejo clínico (condução médica do caso), e boa hidratação. O uso recomendado de anti-térmico e analgésico é de paracetamol e dipirona. É proibido o uso de ácido acetilsalicílico (e todo o medicamento que contenha esse composto em sua fórmula), pois provoca sangramentos, piorando o quadro de dengue hemorrágica. Um cuidado excepcional que precisamos ter é com o paracetamol, pois ele ataca o fígado. Portanto, deve ser usado em baixas dosagens. O flavovírus do Aedes aegypti também provoca essa agressão hepática. Então, se você estiver com o vírus da dengue e tomando paracetamol, existe um comprometimento maior da função hepática e pode ter até hepatite. O ideal é usar a dipirona, pois não tem problema nenhum, exceto para os pacientes alérgicos a esse medicamento. |